domingo, 8 de novembro de 2009

Festival Planeta Terra - Playcenter (SP) - 07.11.2009

A versão 2009 do Planeta Terra em São Paulo prometia muito, bem mais que a do ano anterior que trouxe nomes como The Jesus And Mary Chain e Breeders. Para o público que foi em torno de 17 mil pessoas (menos que o ano anterior por “culpa” do Festival Maquinaria que foi realizado no mesmo dia), a promessa se cumpriu com sobra. Momentos históricos foram presenciados no Playcenter, o lugar escolhido para o evento.
Aliás, a primeira nota é sobre o local. Por que não ocorreu a ninguém essa idéia antes? Ao usar uma estrutura já existente a organização acertou em cheio, com acesso fácil ao local (faltou melhorar a saída) e segurança. Ótima idéia. Tomara que existam mais eventos por lá. Cheguei ao local por volta das 18:00hs quando o Maximo Park subia no palco principal para iniciar sua apresentação. Antes teve as brazucas Macaco Bong e Móveis Coloniais de Acaju.

O Maximo Park focou seu show no novo disco “Quicken The Heart” e jogou seu indie rock sobre o dia que começava a ir embora. O vocalista Paul Smith deu uma aula de simpatia, enquanto o tecladista Lucas Wooller fazia movimentos frenéticos. O show foi correto, sem maiores surpresas e em músicas como “Our Velocity” e “Girls Who Play Guitars” do seu melhor disco “Our Earthly Pleasures” de 2007, levantou boa parte do público.

Depois foi a vez de Bobby Gillespie comandar o seu Primal Scream em um dos grandes shows da noite. A banda fez dançar no Planeta Terra. Quando Gillespie mandava faixas como “Suicide Bomb”, “Movin' On Up”, “Rocks” e “Accelerator” era impossível resistir, o jeito era balançar o corpo e envergar mais uma cerveja. Alternando rock direto com faixas eletrônicas e englobando quase toda a sua carreira, o Primal Scream foi hipnótico, mesmo que seu desempenho de palco não seja lá essas coisas. Na seqüência veio o Sonic Youth. O que dizer da banda, uma das maiores de todos os tempos? O grupo que sempre foi conhecido por não fazer concessões, manteve isso como premissa no Planeta Terra. O show teve como base o último disco “The Eternal” e trouxe canções como “Poison Arrow” e “Anti-Orgasm” junto com as ótimas “Sacred Trickster” e “Leaky Lifeboat”. Das antigas, destaque para “Jams Run Free” e “Hey Joni”.
A chuva que ameaçava cair, se fez presente de maneira leve durante quase toda a apresentação. Thurstoon Moore e Lee Ranaldo arremessavam riffs e distorções enquanto Kim Gordon dançava loucamente desajeitada e Mark Ibold (Pavement) fazia a cama no seu baixo junto com Steve Shelley destruindo a bateria. “Death Valley '69” do longínquo “Bad Monn Rising” de 1985 fechou de maneira sublime. Apesar do show ter sido bom, ficou a impressão que podia ser melhor, bem melhor.
Meia noite em ponto, a lenda Iggy Pop subia ao palco junto com os remanescentes do Stooges, emendando logo de cara faixas como “Search And Destroy” e “Raw Power”. Logo nos primeiros 20 minutos, Iggy já ganhava o titulo de melhor show do festival. Disse que estava se sentindo sozinho e mandou os fãs subirem para ajudar. Mais ou menos uma centena obedeceu e fez uma orgia memorável no palco. Depois Iggy agradecia dizendo que se sentia melhor.
O som das guitarras pulsava forte nas caixas enquanto Iggy ensandecido se jogava no público, arremessava microfones, quebrava pedestais e se contorcia no palco. Vieram mais clássicos dos Stooges como “1969” e “I Wanna Be Your Dog” (cantado fortemente pela galera) e outros da carreira solo como “Lust For Life” (em uma versão inesquecível) e “The Passenger”. Ao final o público estava boquiaberto e revigorado. Show histórico.
Outras bandas passaram pelo Planeta Terra 2009 como Metronomy, Patrick Wolf e The Ting Tings mas como as apresentações se cruzavam, ficava difícil resistir ao poder do palco principal. No final de tudo, com várias cervejas consumidas, algumas imagens passavam na cabeça de modo repetido, imagens de um festival que deu um verdadeiro banho de organização e estrutura e proporcionou alguns momentos para serem levados para o resto da vida.
P.S: O festival também pode ser entendido por alguns números, tais como: “Quantos “Obrigado São Paulo” Paul Smith do Maximo Park disse? Quantas vezes Bobby Gillespie olhou para o chão no show do Primal Scream? Quantas guitarras Thurstoon Moore e Lee Ranaldo usaram? Quantos microfones Iggy Pop quebrou? E acima de tudo: Quantos sorrisos você deu enquanto prestigiava tudo isso?
As fotos foram extraídas do site do Planeta Terra, aqui nesse
link.

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