quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

"Preciosa - Uma História de Esperança" - 2010

“Sofrimento: Dor física ou moral; padecimento, amargura. Desgraça. Sinônimos de Sofrimento: agrura, desconsolação, desgosto, mágoa e pesar.” É isso que se acha quando buscamos o significado da palavra no dicionário. Grande parte desses significados podem ser encontrados na vida de Claireece Precious Jones, personagem central do filme “Preciosa - Uma História de Esperança” do diretor Lee Daniels, que chega ao país neste começo de ano.
O filme é baseado no romance “Push” da escritora Sapphire (pseudônimo de Ramona Lofton) que fez bastante sucesso na segunda metade dos anos 90. O filme causou certo furor lá fora, ganhando prêmios em festivais como o de Sundance. Muito do alarde inicial deve-se pelo fato de Oprah Winfrey ser uma das produtoras executivas, como também pelas participações de Mariah Carey como uma assistente social e Lenny Kravitz como enfermeiro.
Ambientado no bairro americano do Harlem no ano de 1987, “Preciosa” narra a história de uma menina de 16 anos com uma vida extremamente difícil. Além de ser muito obesa, o que por si só já não a transforma na mais popular das pessoas, sofre constante violência da sua mãe (interpretada com grande força por Mo’nique) e das pessoas a sua volta. Aos 16 anos já tem uma filha e está grávida de mais um bebê. O agravante é que o pai deles é o seu próprio pai.
Gabourey Sidibe interpreta Precious de maneira angustiante, quase sufocando o espectador com sua indiferença perante uma vida tão complicada. Uma adolescente que não sabe para onde o mundo está caminhando e só consegue uma pequena dose de alegria quando fantasia para si futuros inimagináveis. Em vários momentos ela dá a impressão de não estar nem aí para as coisas, como atesta várias vezes o seu desejo de morrer.
A vida dela começa a ganhar um pouco mais de luz no final do túnel quando entra em uma escola para alunos específicos, que merecem um acompanhamento mais pessoal. Na sua professora Mrs. Rain (uma cativante Paula Patton) acha um abrigo até então desconhecido por ela. No entanto, quando o futuro parece ganhar uma chance, por menor que seja, novamente Precious se vê atropelada por um caminhão de problemas e dúvidas.
Em “Preciosa”, o diretor Lee Daniels realiza um filme forte e poderoso, que tem dois méritos principais: Primeiro, foge do escapismo barato de redenção para os personagens. Eles são o que são, a vida é assim e tem que seguir em frente . Segundo, mesmo debaixo de tanta lama e desgraça consegue inserir algum humor, ainda que pesado, sem descuidar em nenhum momento daquilo que bem ou mal todo mundo carrega um pouco consigo: Esperança.

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