domingo, 21 de novembro de 2010

Festival Planeta Terra - Playcenter (SP) - 20.11.2010

“Enfadonho”: que causa enfado, importuno, maçante, chato, monótono. “Pretensioso”: que tem pretensões, presunção ou vaidade. Essas duas palavras e suas respectivas definições refletem muito bem o que foi o show da recente encarnação do Smashing Pumpkis encerrando o palco principal do Planeta Terra 2010. Billy Corgan veio a São Paulo para produzir momentos constrangedores que só os fãs mais extremos e seres de outro planeta devem ter gostado.
A 4ª edição do Planeta Terra no Playcenter em São Paulo, no entanto, não teve somente a chatice de Billy Corgan e trouxe shows divertidos e apresentações memoráveis. Começou com a saraivada de pequenos hits do Mombojó ainda as 4 e pouco da tarde, para engatar na música dos Novos Paulistas, combo que reúne nomes da nova cena da cidade, mas que funciona somente nas partes individuais de integrantes como Tulipa Ruiz e Tatá Aeroplano (Cérebro Eletrônico).
Depois de umas três músicas do show do Of Montreal, um amigo comenta: “Até que eu gostava deles, mas depois de ver o que estou vendo, acho que não escutarei mais.” Brincadeiras à parte, o grupo estadunidense promoveu um festival de cores, formas e alegorias, divertindo bem principalmente em faixas como “Coquet Coquette” e “Rejector”. Entender todos os personagens que entram no palco (isso se tem explicação) dá papo para um bom par de horas no bar.
Mika fez um show em que passou do seu público principal e atingiu grande parte dos presentes com sua mistura de pop dançante, Elton John e Broadway. Honestamente não gostei, mesmo reconhecendo que teve imensa aceitação, o tom de falsete e os gritos do cantor acabam agredindo mais que agradando. O Phoenix em seguida fez um bom show com hits como “Lisztomania” e “1901” e um crowd surf fantástico do vocalista Thomas Mars. Surpresa boníssima.
O Pavement veio em sequência e fez o que todo mundo queria: engatou hit atrás de hit com muita distorção e uma vontade até grande, tendo em vista todo o histórico de despretensão da banda. Só foram músicas antigas, o que no caso do Pavement não é nenhum demérito, pelo contrário. Do início com “Gold Soundz” ao final com uma versão sublime de “Here”, Stephen Malkmus e sua trupe mostraram o porquê de serem citados como influência para tantos.
Além de hits alternativos como “Cut You Hair” e “Range Life” (que não teve nenhum verso trocado, apesar do show dos Pumpkis depois), a banda fez versões esplêndidas para canções como “Rattled By The Rush”, “Two States”, “Perfume-V” e “Stop Breathin’”. O segundo baterista Bob Nastonovich trazia ótimos momentos quando saia ensandecido de trás para pegar o microfone e cantar aos berros algumas das músicas. Show para abrir o sorriso e cantar junto.
O espaço na frente que tinha esvaziado um pouco no Pavement por conta do Hot Chip no mesmo horário, encheu mais quando o Smashing Pumpkis começava seu show de horrores. Esse mesmo espaço esvaziou na mesma proporção quando Billy Corgan tentou tocar o hino dos Estados Unidos e começou os solos, incluindo um extremamente chato e sem a mínima função prática do seu baterista. Faltaram hits e sobraram pessoas indo embora antes do fim.
Até entendo que na sua terceira vinda ao país o Pumpkis (se é que ainda pode ser chamado assim) não tocasse só coisas conhecidas, até por conta das músicas que vem sendo disponibilizadas na internet. Porém, o que se viu atravessou e muito essa linha. O maior problema dessa encarnação da banda é que os três músicos que substituem James Iha, D’arcy e Jimmy Chamberlin são bem inferiores a eles, deixando tudo nas mãos de Corgan, o que é claramente um perigo.
Mesmo com a decepção da atração que tinha a responsabilidade de fechar o festival, o Planeta Terra mostrou novamente que é o melhor do país. Organização impecável, ótima estrutura (o fato de ser no Playcenter ajuda muito), além de inovações e atrações por todos os lados. O único defeito grave é ainda não terem resolvido o problema da saída, onde tem muita gente para pouco táxi, quando talvez um simples convênio pudesse resolver. No mais, é esperar a versão 2011.
P.S: Fotos retiradas do site oficial do evento: http://musica.terra.com.br/planetaterra/2010
Sobre as edições do festival em 2008 e 2009, passe aqui e aqui.

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