segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

"O Espião Que Sabia Demais" - 2012


George Smiley (Gary Oldman) dedicou a vida ao Serviço Secreto da sua Majestade no Reino Unido. Para ele isso significou ter uma vida regrada e conflituosa com a esposa. Mesmo assim na primeira metade dos anos 70 continua firme na labuta, sendo o braço direito de Controle (o grande John Hurt), o chefão da agência que após uma fracassada missão na Hungria envolvendo até a morte de um agente, passa por um processo difícil que culmina em demissão.

O topo dessa instituição que internamente recebe o apelido de Circus é preenchido por cobras da mais alta periculosidade. Percy Alleline (Toby Jones de “Frost/Nixon”), Bill Haydon (Colin Firth de “O Discurso do Rei”), Toby Esterhase (David Dencik dos filmes suecos da trilogia “Millennium”) e Roy Bland (Ciarán Hinds de “Estrada Para Perdição”) fazem parte da cúpula da administração que visa se posicionar com maior destaque no cenário da guerra fria.

É esse o ponto de partida de “O Espião Que Sabia Demais” do diretor sueco Tomas Alfredson de “Deixe Ela Entrar” de 2008. Fundamentado em livro de 1974 do mestre britânico da espionagem John Le Carré, a obra já teve uma adaptação de sucesso como uma série no final dos anos 70 e começo dos ano 80, onde o papel chave de George Smiley ficava a cargo do excelente Alec Guinness (dos episódios IV, V e VI de “Guerra Nas Estrelas”).

A história se desenvolve após a queda de Controle e a demissão de Smiley, quando este regressa de modo extraordinário para investigar os antigos companheiros de trabalho, pois se desconfia da existência de um agente duplo infiltrado. Com o recrutamento de um pequeno time, o experiente espião passa a perseguir as evidências que apontam para o traidor. Os tempos são outros e soluções mágicas não existem e valem muito menos do que o poder da dedução.

O processo de descoberta é extremamente lento e minucioso, remetendo diretamente ao título original do filme “Tinker, Tailor, Soldier, Spy”, que significa “Funileiro, Alfaiate, Soldado, Espião”, nomes que o antigo chefe de Smiley costumava brindar seus parceiros de cúpula. Esse jogo não se utiliza de muita ação e prefere se apoiar em premissas humanas como ambição, vaidade e egoísmo para produzir suas consequências que repercutem em pequenos dramas e mentiras.

“O Espião Que Sabia Demais” é configurado para girar em torno do personagem de Gary Oldman, onde acerta plenamente. Em uma atuação sóbria e intensa, o experiente ator dá um show ao lado de companheiros igualmente bons como Colin Firth. O roteiro de Peter Straughan (“Os Homens Que Encaravam Cabras”) e do falecido Bridget O’Connor é preciso como uma lâmina afiada e oferece ao telespectador um desafio onde a cabeça representa mais que músculos e armas.

Nota: 9,0

Assista ao trailer:



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