quarta-feira, 5 de novembro de 2014

"Máquina de Armas" - Warren Ellis

John Tallow é um detetive que já está meio cansado de tudo. Não exibe mais o idealismo e nem a audácia de quando entrou para o Departamento de Polícia de Nova York. Prefere ignorar maiores complicações nas ruas da cidade e sempre que possível parar um pouco para ler um livro ou escutar um disco, já que a vida social é praticamente inexistente. Esse posicionamento, no entanto, muda quando seu parceiro James Rosato recebe um tiro na cabeça e morre dentro de um prédio antigo.

Nesse chamado que causou o assassinato, a dupla de policiais se deparou com um dos moradores completamente nu e transtornado envolvido a um desespero sem sentido aparente, que portando uma espingarda disparou o tiro fatal, sendo logo após também alvejado pelo detetive sobrevivente e morrendo. Na sequência, ainda sem saber muito bem o que aconteceu, John Tallow invade um dos apartamentos e se depara com uma imensidão de armas espalhadas por todos os cantos.

Esse é o mote inicial de “Máquina de Armas” (“Gun Machine”, no original), primeiro livro do britânico Warren Ellis a ser publicado no Brasil. O thriller policial com generosas quantias de suspense tem lançamento pela Editora Novo Século (em parceria com o site Omelete), 312 páginas e tradução de Cinthia Alencar. O escritor, um dos grandes nomes dos quadrinhos das últimas duas décadas e responsável por obras como “Transmetropolitan”, “Planetary” e “Frequência Global”, se arrisca também em um romance.

Depois dessa parametrização inicial, o detetive John Tallow percebe que todas as armas dispostas no quarto são referentes a casos não solucionados no período dos últimos vinte anos. Para conseguir desvendar esses crimes e com a cabeça a prêmio a todo momento ele conta com a ajuda de dois peritos forenses meio lunáticos chamados Scarly e Bat. O trio percorre a cidade e registros históricos atrás de um assassino mortal que também exibe suas próprias demências se vinculando a antigas histórias de povos nativos dos Estados Unidos.

Em “Máquina de Armas” percebemos as mesmas qualidades já vistas nos quadrinhos de Warren Ellis no que tange a frases cortantes, conversas sagazes e personagens repletos de suas próprias loucuras e excentricidades. Essa configuração amarrada a cidade de Nova York, mais precisamente a Manhattan, cria um livro que tem a qualidade de ser consumido rapidamente, sem desejo de se deixar para outra hora. Além disso, o trio principal de personagens funciona muito bem e exibe fôlego suficiente até mesmo para uma empreitada futura e isso representa talvez o maior elogio que pode-se fazer a essa boa trama.

P.S: Entre as boas tiradas do livro está uma simplesmente impagável com a banda Animal Collective. Vale conferir.

Nota: 7,0


Twitter do autor: http://twitter.com/warrenellis


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